Todos morremos, e daí?

Edaí é que em face da inexorabilidade da morte uns acreditam que é o fim total, como os ateus e agnósticos, a exemplo de marxistas e de gente como sociólogo italiano Norberto Bobbio; outros como Alan Kardec, “pai” do Espiritismo moderno, reencarnacionista, entendem ser a morte uma ilusão, pois haverá um retorno para reaprendizagem, processo evolutivo do espírito. Tais doutrinas não se coadunam com a pregação da Igreja Cristã, cuja base se assenta na ressurreição da carne e na eternidade da vida pós-morte. Isso aprendemos desde o credo niceno-constantinopolitano, doutrina assentada na Bíblia, em especial nos Evangelhos. Cristo desceu à mansão dos mortos, mas retornou depois de três dias, assegurando ao cristão a perenidade de vida para aquele que nEle crê. O apóstolo São Paulo escreveu que se não acreditamos na ressurreição de Cristo é vã a nossa pregação e vã a nossa fé (I Cor. 15.14). Aufere-se daí, que o cristão não deve temer a morte, porque não deve ser como os pagãos e infiéis. O mesmo Paulo ensina aos cristãos de Tessalônica: “Irmãos, não queremos que ignoreis o que se refere aos mortos, para não ficardes tristes como os outros que não têm esperança.” (I Tess. 4.13). Dizer, portanto, que a morte é um futuro incerto e temê-la não condiz com a retórica cristã; é discurso apropriado a ateus e pagãos.
Pais apostólicos, padres apologistas e todos os santos da Igreja não temeram a morte. Os mártires até a desejaram. A morte para eles significa a eternidade desejada junto a Deus. Santo Inácio de Antioquia (séc. II), condenado ao martírio, escreveu aos amigos que intercediam junto às autoridades romanas para libertá-lo: “É bom para mim morrer a fim de me unir a Cristo. Aproxima-se o momento em que serei dado à Luz. Perdoai-me, irmãos! ‘Não ponhais empecilho a que eu viva; não queirais que eu morra…” Ou seja, morrer para os santos mártires, é certeza da vida verdadeira, posto que o cristão deve ter sempre presente a transitoriedade dessa vida. São Cipriano, Bispo de Cartago (séc. III) observa que “provisoriamente habitamos aqui como hóspedes e estrangeiros. Abracemos o dia que endereça cada qual ao seu domicílio permanente, dia em que, libertados desta vida e soltos dos laços do século, somos restituídos ao Paraíso e ao Reino de Deus. Espera-nos lá grande número de parentes, irmãos, filhos; anela por nós uma família avultada e numerosa, já certa da sua salvação e ainda solícita da nossa.” (Da Mortalidade). Discussões, debates, pesquisas, ciência ou o que mais se disser ou fizer em torno da vida/morte é válido. Porém, sem atentar para a transitoriedade da vida e da vontade de Deus que determina o começo e o fim de todas as pessoas e coisas, esses esforços não passam de palavras ao vento. O discurso do Pregador já o diz: “Vaidade das vaidades! Tudo é vaidade.” E a citação de Jesus no Sermão da Montanha vale por tudo o mais que se escreva sobre esta vida passageira: “Quem de vós, por mais ansioso que possa estar, é capaz de prolongar, por um pouco que seja, a duração de sua vida?” Uma certeza: somos pó e ao pó retornaremos.

BARROS ALVES
JORNALISTA, POETA E ASSESSOR PARLAMENTAR

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By Samanta Abdala

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