Agropecuarista Paulo Solon Magalhães falece aos 103 anos

Faleceu na quarta-feira, 12, o agropecuarista iguatuense Paulo Solon Magalhães. Ele tinha 103 anos e morreu em casa, na Rua 12 de Outubro, bairro Flores. O corpo foi velado na residência da família. O sepultamento aconteceu no mesmo dia no cemitério Parque da Saudade. Paulo Solon casou duas vezes e constituiu com as duas esposas uma família de 13 filhos, sendo 12 filhas mulheres e um homem. Era avô e bisavô, com 15 netos e 6 bisnetos.

O agropecuarista estava acamado já há algum tempo. Segundo o relato de familiares, nas últimas semanas o estado de saúde dele debilitou com frequentes crises respiratórias e pressão alta. Os familiares informaram também que ele tinha frequentes crise renais e já não conseguia mais caminhar. Além de todos os problemas de saúde, também era diabético e fazia constantes dietas para restringir o consumo de alimentos ricos em açúcar.

A morte do agropecuarista deixa uma lacuna e um profundo sentimento de pesar no meio da comunidade, em particular para as pessoas que o conheceram, desfrutaram de sua amizade e conviveram com ele.

Legado

Uma das filhas, a pedagoga e professora Terezinha de Queiroz resumiu um pouco da vida e trajetória do pai.

“Paulo Solon Magalhães, filho de João Solon Evangelista Magalhães e Joana Maria Magalhães, nascido de uma família de oito filhos, (as), seis homens e duas mulheres: Eduardo Solon, Paulo Solon, Antonio Solon, Napolião Solon, José Solon, Hugo Solon, Maria Alice e Beatriz, todos em memória.

Paulo Solon Magalhães nasceu em 01/01/1917, de família humilde e tendo seu pai falecido precoce aos sessenta anos, ajudou a sua mãe na educação dos irmãos. Teve dois matrimônios, o primeiro com uma paraibana Maria Dantas de Queiroga, em 1944, desse casamento teve duas filhas: Socorro Queiroga e Francisca Queiroga (Bazinha). Ficou viúvo muito cedo, em 09 de maio de 1948, morte desconhecida, pois naquela época as dificuldades da saúde e de se chegar a um diagnóstico de doença era muito grande devido a distância e os atendimentos que eram precários na época. Dois anos depois, em 1950, ele teve seu segundo matrimônio, em 1950. Não tinha como criar sozinho duas crianças e dar o sustento. Conheceu no Sítio Galizia a sua segunda esposa, Antonia Maria de Queiroz Magalhães, em memória, mulher exemplar, mulher companheira, e juntos tiveram 11 filhos. Jandira, Eliana, Fátima, Isomar, em memória, Terezinha, Telma, Fransquinha, Tamires, Tércia, Lybia e Magalhães, formando assim uma família de 13 filhos. Esse matrimônio durou 67 anos, casal unido, batalhadores, exemplares em suas lições de vida e práticas, chegando assim a conseguir formar 09 filhos com nível superior e 04 com nível médio.

Mesmo sem ter estudo, Paulo Solon Magalhães e Antonia Maria tinham como meta dar uma educação de qualidade a todos os filhos, pois diante as dificuldades do campo e da pecuária, não queriam que seus filhos passassem por dificuldades que passaram. Meu pai iniciou sua vida matrimonial, morando num quarto e uma cozinha, na proporção que iam nascendo os filhos, todos os anos, ele ia aumentando um vão na casa e assim fez uma enorme casa, de vãos grandes e acolhedores para a família de 13 filhos. Foi o maior e mais bonito ninho de amor que conheci, uma sala enorme, com uma mesa exagerada que cabia a todos nas horas das refeições. Era tanta gente…

Meu pai aos poucos foi comprando um pedacinho de terra aqui e outro acolá, que chegou a ter 1.000 hectares. Havia uma promessa de dar uma casa aos seus treze filhos e assim o fez. Construiu uma enorme casa e acolheu todos os seus filhos para iniciar seus estudos na cidade de Iguatu, pois ele sempre residiu no Sítio Varzinha, a 10km de Iguatu.

Passaram-se os anos e já havia outra necessidade de comprar uma casa na capital, Fortaleza, para os filhos que quisessem complementar mais seus estudos. Conseguiu diante as diversas dificuldades encontradas ser um dos maiores produtores de algodão da região, sem falar que atingiu também alto nível na pecuária. Chegou a trabalhar com mais de duzentos homens vindos de todas as cidades vizinhas para a colheita do algodão, pois havia dias que chegavam a sair mais uma de algodão para as usinas existente na cidade.

Mas, agora no dia 12/08/2020, este grande homem, herói, comprometido com os negócios honestos e com a família, teve que partir de maneira serena e teve a assistência intensa do seu sobrinho Dr. Valdeberto e de sua filha enfermeira Maria de Fátima de Queiroz e das demais filho, para um novo plano, deixando muita saudade e a certeza de tarefa cumprida aos seus 103 anos.

O ponto de vida que mais me encantou no meu pai era a visão futura que ele tinha em relação a saúde, que sem nenhuma instrução, naquela época há uns 80 anos ele usava um chapéu grande de palha e vestia calça comprida e camisas de mangas compridas para proteção de sua pele. Ao pegar o seu cavalo para acompanhar o trabalho dos homens do campo e depois de um dia exaustivo, ainda banhava seu animal com todo carinho para a batalha do novo dia”.

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By Samanta Abdala

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