‘Não pretendemos desenterrar mortos’, diz cotado para a Saúde sobre recontagem

O empresário Carlos Wizard, cotado como secretário da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, disse que o governo do presidente Jair Bolsonaro não pretende “desenterrar mortos” ao averiguar se os mais de 35 mil óbitos registrados oficialmente foram de fato resultado de mortes pela Covid-19.

“Não pretendemos desenterrar mortos, não tratamos disso. O que pretendemos é rever os critérios dessas mortes”, disse Wizard, que espera que sua nomeação como secretário no Ministério da Saúde seja publicada na próxima segunda-feira (8).

A possibilidade de recontagem provocou reação de entidades. O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame, afirmou que há uma tentativa “autoritária, insensível, desumana e anti-ética” de dar invisibilidade aos mortos pelo coronavírus.

Carlos Wizard, no entanto, disse que a pasta conta com uma “equipe de inteligência” militar que identificou sinais de fraudes em dados prestados por alguns estados e municípios, mas evitou dizer quais seriam esses locais, ou mesmo quantos. “Temos uma equipe de inteligência no ministério. Essa equipe encontrou indícios de que alguns municípios e estados estão inflacionando os dados para receber benefícios federais, isso é lamentável.”

Amigo do ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello, que conheceu durante a Operação Acolhida, em Roraima, Wizard afirmou que o governo deverá levar o assunto “à esfera competente” contra as supostas irregularidades, sem detalhar exatamente o que deve ser feito.

Apesar de ter admitido anteriormente que o número de mortos oficialmente divulgado pelo governo deveria cair com a recontagem, Wizard ressaltou que o governo não vai alterar o que já foi feito até agora. Até esta sexta, foram registradas 35.026 mortes pelo coronavírus e outros 645.771 casos de contaminação. “Não estamos preocupados com o passado, mas com o futuro. O passado já foi, o número não vai cair.”

Cloroquina

Na avaliação do futuro secretário, o governo “tem enfrentado quatro guerras, a da Covid-19, a da economia, a da informação e a da política. Ele também defendeu o uso massificado da cloroquina no País e disse que publicações que criticaram a substância estão sendo reavaliadas. “Acusaram o governo federal de forma irresponsável sobre o uso da cloroquina. Publicaram uma inverdade. Cloroquina não é cocaína, que você vai morrer amanhã.”

*Com Estadão Conteúdo

By Samanta Abdala

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