A cardiologista Ludhmila Hajjar, diretora de Ciência e Inovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia, afirmou, em entrevista ao Pânico nesta quarta-feira (29), que o Brasil não se preparou devidamente para o combate ao coronavírus.
“Nós fomos mais do que avisados pelos cientistas e organizações internacionais que a gente seria impactado fortemente pela doença, mas esse discurso não foi seguido de uma maneira homogênea”, disse a médica.
Cotada para substituir o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde, Hajjar disse que a pasta demorou muito para agir contra a doença. “O Mandetta fez uma equipe bem estruturada, mas eles começaram tarde com as medidas. No final, existia muita desarticulação com o governo federal”, continuou.
Mandetta acabou substituído por Nelson Teich, que, para a cardiologista, ainda não mostrou a que veio. “Até agora não consegui entender qual é a política do ministro novo, acho que ele se comunica pouco”, avaliou. “Temos menos de uma semana realmente de ação, ainda não ouvi do ministro uma linguagem clara de qual é a posição dele de enfrentamento. Ainda não entendo qual é a linha que ele vai adotar e isso é preocupante.”
Ainda no campo da política, Ludhmila Hajjar disse que “não dá para transformar morte e vida de pessoas em palanque político”. “A política deveria se utilizar da ciência para dar resposta ao povo. O desejável era que nossos políticos estivessem pautados na ciência”, explicou.
Saída da pandemia
A médica não escondeu a gravidade do novo coronavírus. “Tem que ter medo mesmo, é uma doença muito grave e não nos preparamos adequadamente para ela”, admitiu.
Ludhmila Hajjar não acredita que uma vacina contra o vírus virá antes do ano que vem, mas disse que o país pode sair mais forte da crise. “Nós todos que estamos na linha de frente dessa doença estamos vivendo momentos difíceis, mas vamos passar por isso. É hora de união para sairmos disso mais fortes”, refletiu a cardiologista.