Embora devamos amar e servir ao nosso país durante o ano todo, saudamos a Semana da Pátria, e especialmente o Dia da Pátria, como oportuno ensejo de avivar o nosso patriotismo e aprofundar-lhe o verdadeiro sentido e alcance. As solenes celebrações anuais da Independência do Brasil merecem apoio e consequente participação de todos os homens de boa vontade e sadia formação cristã. O Concílio Ecumênico Vaticano ll, ensina: “Os cidadãos cultivam com magnanimidade e lealdade o amor da Pátria, mas sem estreiteza de espírito, de maneira que, ao mesmo tempo, tenham sempre presente o bem de toda a família humana, que derivam das várias ligações entre as raças, povos e nações”. (GS, No. 75). Nenhum brasileiro sincero deve deixar passar a Semana da Pátria e, em especial, a sua data máxima no dia 7 de setembro, sem cobrar renovada consciência dos seus deveres cívicos e fazer uma prece fervorosa pela prosperidade da nação e do povo brasileiro.
A nossa Pátria vive momentos de grande aflição. O dia 7 de setembro deste ano de 2020 será um dia com poucos motivos para celebrá-la como merece. Estamos lutando contra o vírus (Covid-19) e o Brasil ultrapassa 4 milhões de casos e 123 mil mortes. Há notícias sobre a vida política nacional divulgando acusações e denúncias sobre corrupção de políticos envolvendo grandes somas de dinheiro. A crise política por que passa o Brasil é a mais aguda desde a retomada da democracia dos anos 80, e é antes de tudo, uma crise moral e ética. É necessário esclarecer, separar o joio do trigo, aferir responsabilidade e sanar, o quanto antes, o ambiente político no país.
A Bíblia nos lembra de que não temos aqui pátria permanente, mas devemos buscar a futura e eterna; e a moral cristã ensina que as fronteiras nacionais não devem significar barreiras para a fraternidade entre todos os povos. A mesma moral cristã não deixa dúvidas quanto à especial vinculação e aos especiais direitos e deveres do cidadão para com o país que é sua pátria. O Dia da Pátria nos faz refletir sobre a verdadeira raiz e as exatas exigências do patriotismo. Em que irá consistir o nosso patriotismo? Será principalmente no empenho sincero e constante em edificar uma Pátria baseada na honestidade de governantes e governados, na existência e cumprimento de leis justas, primazia do bem comum sobre as vantagens particulares, liberdade, ordem, segurança e justiça para todos. O patriotismo como consciência nacional, como amor e interesse pela Pátria, como empenho generoso pelo progresso do País, até a prontidão para o sacrifício é uma verdadeira virtude cívica.
A edificação de uma nação encontra seus alicerces básicos na prática de justiça, capaz de garantir, entre os homens, a presença contínua da paz. A grandeza de um país e a estabilidade de qualquer regime se avalia, não tanto pelos coeficientes econômicos e financeiros. A felicidade de um povo tem seu sustentáculo nos valores morais, não apenas nas estruturas materiais. As obras grandiosas provocam deslumbramento, mas não satisfazem o coração e suas legítimas aspirações. O esforço sincero pela realização do homem é essencial. Assim, o desrespeito à dignidade da pessoa humana, mesmo a título de segurança, causa o retrocesso, com repercussões negativas e imprevisíveis. A construção nacional, com a consolidação de nossa independência, só se obtém com a cooperação ativa de todos aqueles que receberam de Deus esta graça especial de pertencerem à Nação Brasileira.
BRENDAN COLEMAN
REDENTORISTA
O post Dia da Pátria 2020 apareceu primeiro em O Estado CE.