No momento em que o educador e filósofo pernambucano Paulo Freire escreveu “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”, ele ganhou o mundo.
Segundo Moacir Gadotti, diretor geral do Instituto Paulo Freire, “foi ele quem colocou o oprimido na História. Ele deu visibilidade a algo que estava historicamente invisível pela cultura dominante. Foi um ato revolucionário”. E completou: “Pedagogia do Oprimido (sua magnum opus, de 1968) está entre os 100 (livros) mais citados – e é o segundo mais bem colocado entre os livros de Pedagogia. Já uma pesquisa da London School of Economics apontou que o livro é a terceira obra mais mencionada mundialmente na área de Ciências Sociais”.
Foi nos anos 1960 a criação do método que ficaria mundialmente conhecido com o Método Paulo Freire, o método pedagógico e inovador de alfabetização que não se restringia à escrita e à leitura: inseria o indivíduo em seu contexto social e político, para que fosse capacitado ao exercício pleno da cidadania. Paulo Freire recebeu 35 títulos de Doutor Honoris Causa (de universidades americanas, europeias e latino americanas) e é o segundo nome mais escolhido para escolas públicas no Brasil, situando-se entre Monteiro Lobato e Tancredo Neves. É o Patrono da Educação Brasileira e ganhou o prêmio da Unesco de Educação para a Paz, em 1986.
Segundo os especialistas, outra característica da obra freireana é a tentativa de levar uma conscientização de classe para os educandos – talvez esse seja o fator que mais tenha despertado a ira dos setores conservadores contra o educador. De fato, sua produção intelectual é profundamente marcada pela insistência de levantar-se um novo tipo de educação, capaz de dar autonomia às classes dominadas por meio de uma educação emancipadora.
Para os admiradores do filósofo pernambucano, essa tarefa (expandir a consciência política através de uma alfabetização dialética) é necessária para a criação de um novo Brasil, mais justo e igualitário. Para os detratores, Freire foi apenas um cripto-comunista encapuçado sob a forma de alfabetizador, que promovia a doutrinação marxista nas salas de aula – acusação sustentada nos dias atuais.
Paulo Reglus Neves Freire nasceu em Recife, no dia 19 de setembro de 1921. Morreu em São Paulo, 2 de maio de 1997, de infarto.
Nota: As ideias de Paulo Freire (educação e diálogo) – no Governo Luiza Erundina, na cidade de São Paulo – estão na base do Fies, Prouni, Orçamento Participativo.
FERNANDO MAGALHÃES
ASS. TÉC. DA ALECE
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