Ação idealizada pelo ativista ambiental André Comaru, 39, ocorre semanalmente desde a chegada da pandemia de Covid-19 ao Ceará. Grupo recolhe resíduos descartados na Praia de Iracema, em Fortaleza.
Divulgação
Para fazer a diferença na manutenção da limpeza do litoral de Fortaleza, desde março o ativista em proteção ambiental, André Comaru, 39, percorre semanalmente a orla da Praia de Iracema, em Fortaleza, e recolhe o lixo acumulado na costa. Além do ativista, idealizador do projeto ‘Beach Clean Up’, o mutirão conta com mais oito voluntários. Na ação realizada nesta semana, o grupo conseguiu recolher 250 kg de material descartado.
André, que mora há 11 anos na Austrália, vem a Fortaleza apenas para encontrar a família nas férias, mas em fevereiro precisou estender a estadia por conta da pandemia do novo coronavírus. Foi em uma das saídas para aproveitar a orla, em março, que o ativista se deparou com a quantidade de lixo.
“Tenho costume de nadar nas proximidades do espigão. Em um dos dias, resolvi voltar caminhando pela areia no lugar de voltar nadando. Fiquei abismado com a quantidade de lixo que tinha na costa. Muitos itens de plástico, garrafa de bebida, carteira de cigarro, seringa”, relembra o ativista.
Naquele mesmo dia, recolheu o que conseguiu já pensando em repetir o percurso para apontar os pontos de descarte. Identificou, ao longo da investigação, em qual dia da semana havia o maior acúmulo. “Cheguei à conclusão de que o ponto mais crítico era segunda-feira, após o fim de semana. Comecei sozinho, mas fui chamando colegas para me ajudar. Agora, saímos toda segunda para fazer a coleta. Na última segunda-feira, conseguimos recolher 250 quilos”, calcula.
“Os tratores de limpeza também são úteis, mas, pelo peso, às vezes afundam o lixo na areia. Com as mãos conseguimos fazer isso com mais facilidade”, acrescenta André.
A rede de apoio do grupo Beach Clean Up conta com oito voluntários, entre crianças e adultos, que se juntam a André para a ação. O ativista, contudo, pretende que a mobilização chame mais pessoas para a limpeza. “Nossa ideia não é que fique só entre os amigos do André. Queremos conscientizar a população a assumir responsabilidade, a não jogar lixo fora, a andar com sacolinha. Divulgo nas redes sociais e por lá essa ação já inspirou algumas outras pessoas a fazerem o mesmo nas praias em que frequentam. Precisamos desse posicionamento”, conclui o ativista.
Voluntários
Foi também por descontentamento com o lixo que a assistente financeiro Carla Bemfeito, 36, começou a frequentar as atividades do grupo. O primeiro contato com a iniciativa aconteceu nas redes sociais, a partir do perfil de André. “Sigo ele faz um tempo devido a outras ações. Em uma das publicações, ele colocou a situação do lixo na Praia de Iracema. Fiquei muito assustada com a quantidade de lixo. Decidi entrar nessa. A praia é um dos lazeres mais gostosos que a gente tem para fazer. precisamos preservar esses espaços”, explica.
O cuidado com a natureza é estendido as duas filhas da assistente: Maria Clara, 9, e Júlia, 5, integram o projeto junto com a mãe. A frequência despertou nas pequenas a consciência ambiental. “Eu consigo perceber que elas se sentem úteis. Já desenvolveram uma atenção. As meninas adoram praia então, elas acham que o que elas estão fazendo é muito útil para a natureza”, conta Carla.
Mãe e filha participam de mutirão semanal de limpeza na Praia de Iracema, em Fortaleza
Divulgação
Como participar
O mutirão de limpeza percorre parte da orla da Praia de Iracema toda segunda, a partir das 7h30 da manhã. A ação dura por volta de 1h30 e o ponto de encontro é no final da Rua Ildefonso Albano, próximo à estátua de Iracema.
“Qualquer pessoa pode participar. Recomendamos que quem topar ajudar chegue com luvas de borracha ou de jardineiro, para não machucar as mãos, sacos de lixo de grande volume e que venha hidratado”, aconselha André.
Voluntários fazem mutirão semanal de limpeza na orla de Fortaleza e chegam a recolher 250 kg de lixo em um dia
