Decisão está alinhada com o informado pelo governador Camilo Santana sobre a volta às aulas no estado. Reitoria da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza
Natinho Rodrigues/SVM
O Conselho de Reitores das Universidades do Ceará (CRUC) confirmou que as quatro instituições de ensino superior com unidades em Fortaleza devem suspender as atividades presenciais. A decisão está alinhada com o informado pelo governador Camilo Santana que, em entrevista na manhã desta quarta-feira (15), afirmou que, caso a capital avance para a fase 4 do plano de retomada, as aulas presenciais permanecerão suspensas.
“Todas as universidades do Conselho devem seguir as orientações de saúde. Isso está nas nossas discussões para retomada”, reforçou o professor Francisco do Ó de Lima Junior, presidente do CRUC e reitor da Universidade Regional do Cariri (Urca).
O Conselho reúne oito institutos de ensino superior no Ceará, entre órgãos federais, estaduais e privados. Fazem parte do grupo a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Universidade Estadual do Ceará (Uece), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e a Universidade de Fortaleza.
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Além dos institutos, participam do CRUC a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Universidade Federal do Cariri (UFCA), a Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA) e a Universidade Regional do Cariri (URCA). Representantes da administração pública, como Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) e o Conselho Estadual de Educação (CEE-CE) também acompanham os encontros.
A decisão deve afetar o plano de retomada da UFC. No último dia 3, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da instituição decidiu retornar o calendário em três modalidades de ensino: remoto (em que a turma assiste às aulas virtualmente), híbrido (com parte dos alunos em ensino remoto e a outra em ensino presencial) e presencial.
A Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) recomenda que esta última categoria seja adotada somente para disciplinas práticas ou estágios obrigatórios. À época, o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc) repudiou a decisão do Cepe. De acordo com o órgão, a votação pelo retorno não contou com representação discente, o que invalidaria a escolha.
Em resposta ao pronunciamento do governador Camilo Santana, a UFC informou, em nota, que a suspensão das aulas presenciais não altera o Plano Pedagógico de Emergência (PPE) da universidade já que este permanece “condicionado às orientações das autoridades sanitárias”.
A instituição reforça a preferência pelo ensino remoto e que a forma híbrida (remota e presencial) e presencial será devidamente autorizada pela administração superior da entidade considerando a evolução da pandemia.
Permissão
Sobre o caso da UFC, Francisco do Ó de Lima Junior comenta que cada universidade membro do CRUC tem autonomia para permitir exceções. “A administração pode, por exemplo, deixar que alunos perto da conclusão e que precisam de cadeiras práticas consigam frequentar as aulas presenciais. Nós do Conselho temos um plano geral de diretrizes para voltar, mas cada instituição tem autonomia para decidir sobre como isso vai acontecer”, conclui.
O G1 questionou o Governo do Estado sobre os casos excepcionais de aula presencial. A gestão informou que, na capital, o decreto vigente, publicado no último sábado (11), permite a realização de aulas práticas e laboratoriais em casos de alunos concludentes. A medida vale para graduação e pós-graduação em que a atuação esteja relacionada às cadeias econômicas permitidas no plano. Nessas situações, os alunos e as universidades precisam seguir as medidas sanitárias.
O Governo ressaltou que as novas decisões sobre o plano de retomada devem ser oficializadas somente no sábado (18) e que, até lá, valem as decisões do decreto mais recente. Conforme o Governo do Ceará, na entrevista desta manhã, o governador apenas adiantou quais setores ficarão de fora caso a Capital avance para a nossa etapa de retomada.
Outras instituições
IFCE e Uece, que também já encaminharam as discussões sobre métodos de normalização encaminhadas, informaram, através de nota, não ter previsão para retomada presencial e que continuam seguindo as recomendações sanitárias do Governo do Estado.
Além disso, o IFCE indicou que o modelo híbrido que estava em avaliação seria restrito para alunos matriculados em disciplinas práticas e que só pretendia adotar a metodologia quando houvesse possibilidade de retorno.
Já a Universidade Estadual do Ceará (Uece) comunica que segue com a análise da retomada para finalização do atual semestre letivo (2019.2) de forma remota e que pretende seguir os critérios das autoridades sanitários do estado para início das aulas no próximo período (2020.1).
Atualmente de férias letivas, a Universidade de Fortaleza pretende continuar o próximo semestre em modelo misto (parte remota, parte presencial). Contudo, o caráter presencial das aulas condicionado a permissão das autoridades de saúde. Entenda como será o ensino na Universidade:
1. Atividades presenciais: algumas turmas teóricas dos cursos de graduação terão atividades 100% no campus, após autorização do Governo do Estado do Ceará, sempre com limitação do número de alunos em cada ambiente de ensino e aprendizagem, e conforme a disponibilidade de vagas nas disciplinas.
2. Atividades híbridas: parte das disciplinas em todos os centros desenvolverá atividades em ambiente misto, com atividades online, no novo ambiente de aprendizagem virtual da Universidade, mas também com atividades presenciais de acordo com o limite de alunos nos ambientes de aprendizagem e somente após autorização governamental.
3. Atividades de prática e estágio: as atividades práticas ocorrerão de modo presencial, após autorização do Governo do Estado do Ceará, em ambientes com controle de ocupação máxima, conforme as normas de biossegurança. As práticas poderão ocorrer de forma alternada para permitir que todos os alunos tenham a oportunidade de desenvolver as atividades de modo seguro.
Covid-19 no Ceará
O Ceará ultrapassou a marca de 7 mil mortes por Covid-19, com 7.030 óbitos. O estado ainda contabiliza 141.248 casos confirmados da doença, conforme dados da plataforma IntegraSUS atualizados às 12h24 desta quarta-feira (15). O número de pessoas recuperadas da enfermidade é de 115.053
A marca de 6 mil óbitos foi atingida no dia 29 de junho, há 16 dias. Os três primeiros óbitos pela Covid-19 no Ceará foram confirmados em 26 de março.
O total de testes realizados no Ceará para detectar a infecção pelo Sars-Cov-2 é de 362.925. O número de casos em investigação, à espera do resultado dos exames, é de 72.397. Há ainda 600 óbitos suspeitos.
Fortaleza chegou a 3.545 mortes. Ao todo, a capital contabiliza 38.504 casos. A capital tem oito semanas de redução de mortes e de casos. Desde segunda-feira (13), as barracas de praia e agências de turismo puderam reabrir na capital cearense. O Governador Camilo Santana afirmou que aulas presenciais, bares e academias estarão fora da fase 4 da reabertura, em entrevista nesta quarta-feira (15).
As duas cidades da Região Metropolitana de Fortaleza que concentram os maiores índices do novo coronavírus são Caucaia e Maracanaú, com 4.610 e 4.505 casos, respectivamente. Caucaia é o segundo município no número de mortes, com 303 confirmações. Maracanaú já registrou 215 óbitos.
Depois da capital, em quantidade de casos, está Sobral, com 8.635 diagnósticos positivos e 261 mortes. Juazeiro do Norte, no Cariri, registra 4.342 casos confirmados e 159 mortes pelo novo coronavírus.
Veja outras informações da plataforma:
A taxa de ocupação das UTIs cearenses é de 67,13%;
A taxa de ocupação das enfermarias cearenses é de 43,21%;
A letalidade da doença no Estado é de 4,98%
Os números apresentados pela Secretaria da Saúde são atualizados permanentemente e fazem referência à disponibilidade dos resultados dos testes para detectar a presença dos vírus, ou seja, não necessariamente correspondem à data da morte ou do início da apresentação dos sintomas pelo paciente.
Veja como estão as regiões no plano de retomada econômica:
A capital cearense continua na etapa 3, e as barracas de praia podem funcionar;
Demais cidades da macrorregião de Fortaleza seguem na Fase 2;
Macrorregião do Sertão Central, Litoral Leste seguem na Fase 1;
Região Norte para fase de transição;
Cidades da região Cariri e Centro-Sul mais afetadas (Juazeiro, Crato, Barbalha, Brejo Santo e Iguatu) seguem em isolamento social rígido “por mais uma semana”.
O plano de retomada das atividades não essenciais tem um ciclo de transição em quatro fases. E cada uma dura 14 dias. Os municípios do Ceará estão em diferentes estágios em relação ao plano conforme a gravidade do cenário da doença, sendo a capital a cidade com maior nível de reabertura.
Coronavírus: infográfico mostra principais sintomas da doença
Foto: Infografia/G1
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