(Brasília-DF)
No domingo (27), começou oficialmente a campanha eleitoral municipal de 2020.
O ministro-presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, falou, na sexta-feira (24), que somos a quarta maior democracia do Planeta. Fez alerta sobre o momento de pandemia, disse que na democracia, somos todos livres e iguais. Ou, pelo menos, devemos lutar para que seja assim. “Não abra mão da sua chance de fazer diferença”, reforçou. Ele fez um alerta especial sobe um “vício” das fake news. “Trata-se das notícias falsas, das campanhas de desinformação e de difamação. Uma causa que precise de mentiras, de ódio ou de agressões não pode ser boa”, ressaltou.
Até domingo, eram 542 mil pedidos de registros, 45 mil a mais que em 2016. As eleições municipais, no Brasil, nunca foram muito influenciadas pela questão nacional, após a redemocratização, a não ser na primeira em 1985 e especialmente em 2016 com a crise do PT, com Dilma Rousseff, em 2016. No geral, os problemas locais falaram mais alto. Se aprendeu, ao longo dos anos, que os vitoriosos nas eleições municipais não seriam os vitoriosos na eleição presidencial. Basta fazer um histórico.
Se fala muito que o PSDB e o PT, que comandaram o país desde 1994, vão perder musculatura municipal. Muito se fala, também, que o MDB deverá perder a maioria das prefeituras e dos vereadores para o PSD de Gilberto Kassab e o Progressistas de Ciro Nogueira. Pelo que se vê dos registros nos TREs, o MDB ainda tem, de longe, o maior número de registro de candidatos a prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. O MDB, camaleônico, diz que não é governo nem oposição, mas tem líderes à beça no Governo, esquadrinham a base que Bolsonaro tenta montar no Congresso.
Teremos uma eleição mais acentuada que se poderia imaginar, depois do que se viu nas eleições gerais de 2018, em face da pandemia.
O presidente Jair Bolsonaro, que disse que não iria se meter nas eleições nos municípios, dá sinais claros de que vai se meter, sim, nas disputas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Bolsonaro, que já contrariou a lógica nas eleições de 2018, se aproveitando da crise política, avalia que, também, pode contrariar a tradição e transformar uma possível vitória nas disputas nas duas maiores cidades brasileiras em algo substancioso para seu projeto de reeleição, que agora ficou bem maior que os interesses do País. Só um bobo não vê.
Os bolsonaristas-raiz só veem uma coisa nisso, enquanto a oposição detona, mas quem não está nos dois barcos vê que, independente do rumo, o País tende a perder. A turma que vai para a ponta do lápis, digo, para as telas virtuais dos cálculos projetados, observa que se haverá uma recessão menor, e alguma retomada, teremos de continuar nos arrastando para voltar a ter a economia de 2019 só em 2022.
Sim, mas estamos falando das eleições de 2020. Um Bolsonaro vivendo o lado bom do auxílio emergencial, que vai cair para 300 reais em pleno dia das eleições, sem partido político para chamar de seu, mas correndo o risco de ter sucesso, até por vias alternativas, nas duas maiores cidades do País.
De fato, vivemos dias bem diferentes. A democracia brasileira, como disse Luís Roberto Barroso, é a quarta maior do Planeta, está em pandemia e vai enfrentar o vírus da desinformação mais um vez.
A nossa frágil democracia encara grandes desafios, que parecem intransponíveis. Tem muita gente dizendo que ela não vai aguentar tanto assim.
Quem foi que disse que o Céu é perto?
GENÉSIO ARAÚJO JÚNIOR
JORNALISTA
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