O coordenador executivo do Centro de Contingência da Covid-19do Estado de São Paulo, João Gabbardo, confirmou que eventos como o Réveillon e Carnaval de 2021 correm risco de não acontecer se, até as respectivas datas, a Covid-19 não tiver tratamento ou vacina. “Nenhum gestor correria o risco de submeter a população não imunizada em uma aglomeração com alto risco de contágio. O Centro de Contingência concorda plenamente com o prefeito de Salvador, ACM Neto. Sem tratamento ou vacina, as chances são remotas de autorizarmos eventos. Seria um risco muito grande.”
Em entrevista ao Jornal da Manhã, Gabbardo explicou que o comportamento do novo coronavírus está se mostrando diferente de outras viroses. “Nessa doença, a gente tem muito mais dúvidas do que certezas. Em outras viroses o número de casos começa a cair quando temos 70%, 80% das pessoas imunizadas. Em relação a Covid-19, lugares como o Amazonas mostram apenas 14%. Uma possibilidade é que as pessoas tenham uma imunidade natural contra o vírus, por contato com outras versões da doença. Mas como esse número de 14% é baixo, temos um grande contingente ainda correndo risco.”
Apesar da cidade de São Paulo estar indicando a possível chegada de um platô da pandemia, os número do Estado ainda são muito ruins. Na última terça-feira (14), foram registradas 417 óbitos — o segundo maior número diário de mortes pela Covid-19. Para João Gabbardo, isso acontece porque a curva na capital paulista é diferente da curva no interior. “Em algumas cidades a curva está descendente, outras em platô e em algumas ainda está ascendente. São situação diferentes e com recomendações adequadas a cada uma delas.”
Por conta disso, João Gabbardo não descarta que algumas regiões do Estado precisem endurecer mais as restrições previstas no Plano São Paulo. “Pode ocorrer eventuais aumentos de casos porque as pessoas estão se expondo mais com a volta ao trabalho, com o retorno para as academias. Mesmo com máscara e distanciamento, existem riscos. A experiência em outros países mostra que, em outros países, a segunda onda está atingindo pessoas mais jovens e saudáveis. Então mesmo com muitos casos, o sistema de saúde não está pressionado. Mas caso haja aumento da transmissibilidade, o Plano São Paulo prevê um ‘pé no freio’.”