Inteligência emocional

Ainteligência permanece como assunto de interesse não somente dos psicólogos, dos professores, dos gestores de recursos humanos, mas, nos tempos atuais, do público em geral. Desde o início do século passado, quando cientistas como Binet, Simon e Stanford começavam seus estudos para compreender e medir inteligência, houve um incrível progresso no assunto. Num esforço para definir inteligência houve: a teoria fatorial da inteligência; a teoria desenvolvimentista da inteligência; a teoria cognitiva da inteligência; os correlatos fisiológicos da inteligência; a velocidade de processamento de informação; os eletroencefalogramas e os potenciais evocados; e, em 1985 a teoria das “Inteligências Múltiplas” de Howard Gardner, seguido pela teoria da “Inteligência Emocional”, de Daniel Goleman. Esse último autor apresenta sete características básicas deste tipo de inteligência: “Ser capaz de acalmar-se quando estiver ansioso; esfriar quando estiver com raiva; capacidade de se auto motivar diante das adversidades; persistência nos objetivos; perceber o que as outras pessoas estão sentindo; perceber seus próprios sentimentos; e usar a percepção dos próprios sentimentos e dos outros para administrar conflitos, negociar e liderar”. Talvez podemos resumir este conceito de inteligência como sendo a forma de lidar com as emoções, garantindo estabilidade, serenidade e equilíbrio emocional, além da capacidade de resolver conflitos e conseguir simpatias, e não ficar dominado por depressões, ansiedades ou ódios.
Segundo o professor e psicólogo Jack Brock, da Universidade de Berkeley nos Estados Unidos “as pessoas com alto grau de inteligência emocional demonstram maior senso de responsabilidade, dedicação a causas e pessoas, simpatia e determinação”. Realmente este conceito de inteligência está questionando a importância do próprio raciocínio lógico e matemático tão valorizados em nossa sociedade neoliberal competitiva. Muitas pessoas perguntaram “É possível realmente “aprender” algo como inteligência emocional”? Acredito que essa pergunta merece uma atenção mais acurada. Por exemplo, se o indivíduo tem, ao nascer, constitucionalmente, uma boa estrutura genética que lhe permitiria um satisfatório desempenho emocional, porém, encontra uma matriz familiar e social despreparada e, especialmente, nos primeiros anos de vida, quando são delineados os pilares dinâmicos do funcionamento psíquico, essa matriz não oferece o aporte afetivo adequado para um indivíduo, será que, ao decorrer de sua vida aprendizagem emocional poderia ser instituída? Ou, pelo contrário, um indivíduo que, ao nascer trouxe uma frágil estrutura psicogenética, mas recebendo excelentes cuidados afetivos, numa matriz com ótimas condições de segurança e clareza nas comunicações etc., poderia apresentar “naturalmente”, no decorrer de sua vida, um comportamento irrepreensível diante de situações com alto potencial de mobilização de emoções, mostrando uma aparente inteligência emocional inata?
Será que está na hora de nossas faculdades de psicologia e educação começar promovendo cursos para aumentar a habilidade emocional dos alunos? Segundo O Centro de Estudos da Criança da Universidade de Yale nos Estados Unidos, “algumas escolas ensinam inteligência emocional como matemática ou inglês”! O próprio Goleman acredita que uma pessoa pode ter um QI altíssimo, mas, “por ser descontrolado ou até violento, provoca discórdias, desestabiliza equipes e acaba por prejudicar a produtividade de uma empresa”. E constatou que “entre seus colegas da Universidade de Harvard, os mais simpáticos e habilidosos atingiram posições mais altas na carreira, e superam de longe os reconhecidamente mais inteligentes”. Com tanto desequilíbrio, violência, ódio, conflito e desrespeito total para os sentimentos dos outros em nossa sociedade contemporânea, é mais do que provável que, em termos gerais, esta mesma sociedade tem um baixíssimo grau de inteligência emocional.

BRENDAN COLEMAN
REDENTORISTA

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By Acontece Ceará

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