Mesmo ganhando quatro dos últimos cinco jogos disputados pelo Campeonato Brasileiro, o desempenho dentro de campo do Flamengo está longe de lembrar aquele que foi campeão da Libertadores e do Brasileirão, em 2019. A passagem de Jorge Jesus (JJ) no time do Rio de Janeiro deixou marcas e Domènec Torrent tem a difícil tarefa de substituir o português após uma temporada extraordinária. Como se a missão já não fosse dura o suficiente, a equipe está passando por um momento de inconstância coletiva e de baixas individuais.
Inicialmente, Domènec conseguiu superar algumas estatísticas do atual técnico do Benfica, de Portugal. Por exemplo, nos primeiros oito jogos a frente do time, alcançou uma média de vitórias de 58,3%, enquanto a do português foi de 50%, além de sofrer menos gols, no mesmo período. Hoje, ocupando a 6° colocação na tabela do Brasileiro, a poucos pontos do líder e com a classificação na libertadores encaminhada, o time carioca parece adentrar em um momento de crise, com desentendimentos dentro e fora de campo, rumores sobre possíveis transferências de atletas, além de opiniões e comportamentos divergentes no âmbito administrativo do clube. A pressão para que o time volte a apresentar um futebol dominante como na temporada passada é intensa, principalmente, porque a estrutura da equipe titular é a mesma, o que torna o novo treinador o ponto de fuga para todas as críticas.
A recente derrota por cinco a zero para o Independiente del Valle foi o ápice de uma sequência de partidas em que o grupo treinado pelo catalão não foi capaz de imprimir o ritmo de jogo desejado. Além disso, os resultados positivos posteriores agregam pouco numa avaliação geral do trabalho de Dome, em razão do clima conturbado envolvendo os casos de covid-19.
Mesmo com esse ambiente de insegurança o Flamengo não pretende demitir o treinador, como já confirmou Marcos braz, Vice-presidente de futebol do clube. Já o técnico se mostra incomodado com especulações de saída. “Talvez por isso agora o futebol na Europa é diferente, os técnicos têm mais tempo. O que acontece fora, eu entendo tudo, entendo os torcedores, claro. Para mim, como técnico, nunca perdi por 5×0. Mas eu não tenho que me preocupar com o que acontece fora, eu tenho que estar focado em melhorar”.
Estilo de jogo
Torrent tem uma proposta de jogo que exige mais coletivamente do elenco do que a de JJ. Um dos principais pontos apresentados na estratégia do português, em 2019, foi, exatamente, a solidez na espinha dorsal do time. A equipe formada por Diego Alves; Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí, Filipe Luís; Willian Arão, Gerson, Arrascaeta, Everton Ribeiro, Bruno Henrique e Gabigol, jogou a maior parte dos confrontoS, sofrendo alterações apenas em casos de lesões ou grande desgaste. Enquanto isso, Dome trabalha com variações a cada partida, levando em consideração a condição de seus atletas e o modelo tático do adversário seguinte. Com isso, inevitavelmente, estrelas da companhia acabam ficando no banco de reservas em determinados confrontos, fato que desagrada, especialmente, quando os resultados positivos não chegam.
Em coletiva recente, o catalão explica que por conta do calendário apertado do futebol brasileiro, às vezes, não se tem tempo hábil para a recuperação total dos atletas, situação que é agravada pela pandemia. Dessa forma, o treinador entende que é vital avaliar o grupo para cada partida, a fim de utilizar os atletas que estão com a melhor capacidade física para o duelo. “Se você tem um elenco muito equilibrado, e temos um bom elenco, todos podem jogar e vão”, ressalta o comandante do atual campeão continental.
O post Flamengo não consegue atuar no estilo de Dome apareceu primeiro em O Estado CE.
