Não é preciso andar muito para perceber os impactos da pandemia da Covid-19 nas empresas. Depois de quatro meses de quarentena, é fácil encontrar muitas portas fechadas, como numa caminhada pela região da Avenida Paulista, em São Paulo, por exemplo. De acordo com um levantamento da Boa Vista SCPC, os decretos de falência aumentaram 71% em junho em relação ao mesmo período do ano passado. E os pedidos de recuperação judicial subiram quase 45%.
A má notícia é que esses indicadores devem continuar crescendo por um tempo. Responsável por mais de 40% dos pedidos e decretos de falência, o setor de serviços, que já encontrava dificuldades desde antes da crise, foi o mais afetado. O economista da Boa Vista, Flávio Calife, explica que o setor também deve ser o último a conseguir se recuperar.
As pequenas empresas representam 90% das falências e recuperações judiciais. Especialista em lidar com esse tipo de crise, o advogado Daniel Amaral diz que a recuperação econômica do segmento ainda deve demorar pelo menos seis meses, já que muitos estabelecimentos até voltaram a funcionar, mas não estão lucrando. Segundo Amaral, uma recuperação judicial poder ser o único caminho. Já para o advogado Euclides Ribeiro, há uma pré disposição dos credores para aceitar negociações neste momento. O especialista explica que, em média, o Brasil realiza 1.400 recuperações judiciais por ano. Em 2020, com a crise da Covid-19, a previsão é que esse número chegue a dobrar.
*Com informações da repórter Beatriz Manfredini