O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) apresentou nesta terça-feira (14) uma denúncia contra Sari Corte Real por abandono de incapaz pela morte de Miguel Otávio, de 5 anos, que caiu do 9º andar de um prédio no Recife, em junho. Ela será julgada pela 1ª Vara de Crimes contra Criança e Adolescente da Capital. Segundo comunicado oficial, a pena pode ser agravada por pelo crime “ter sido contra criança em meio à conjuntura de calamidade pública”.
Sari Corte Real era a patroa de Mirtes Renata, mãe de Miguel, e casada com o prefeito da cidade de Tamandaré, no litoral sul de Pernambuco. No dia da morte do menino, ele tinha ido trabalhar com a mãe na casa de Sari. Mirtes estava passeando com o cachorro da família enquanto a primeira-dama fazia as unhas. Imagens das câmeras de segurança do prédio mostram que Sari permitiu que Miguel entrasse em um elevador e até teria apertado um botão. O garoto chegou ao 9º andar do edifício e caiu após se apoiar em uma sacada. No começo do mês, a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) já havia indiciado Sari por abandono de incapaz.
Após a morte de Miguel, Mirtes pediu a punição de Sari Corte Real. “Eu não recebi qualquer pedido de desculpas. A carta de perdão foi dirigida à imprensa, o que me faz pensar que eu não era destinatária, mas sim a opinião pública com a qual ela se preocupa por mera vaidade e por ser esse um ano de eleição”, afirmou Mirtes Renata em uma carta, fazendo referência à prefeitura de Tamandaré. “Sabemos que ela não trataria assim o filho de uma amiga. Ela agiu assim com o meu filho, como se ele tivesse menos valor, como se ele pudesse sofrer qualquer tipo de violência por ser filho da empregada”, continuou.
Sari, por sua vez, divulgou na imprensa uma carta sobre o caso. “Como mãe, sou absolutamente solidária ao seu sofrimento. Miguel é e sempre será um anjo na sua vida e na sua família. Não há palavras para descrever o sofrimento dessa perda irreparável. Nunca, mas nunca mesmo, pude imaginar que qualquer mal pudesse acontecer a Miguel, muito menos a tragédia que se sucedeu. Te peço perdão. Não tenho o direito de falar em dor, mas esse pesar, ainda que de forma incomparável, me acompanhará também pelo resto da vida. Estou sendo condenada pela opinião pública como historicamente outros foram. As redes sociais potencializam o ódio das pessoas. Tenho certeza que a Justiça esclarecerá a verdade. Na nossa casa sempre sobrou carinho e amor por você, Miguel e Martinha. E assim permanecerá eternamente. Rezo muito para que Deus possa amenizar o seu sofrimento e confortar seu coração”, escreveu.