Trump faz de discurso na ONU palanque eleitoral

Surpresa seria se fosse diferente. Donald Trump usou a Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (22) como mais um palanque de sua campanha à reeleição. Com um discurso de tema quase único, o presidente embalou convertidos na tese de que a China é a culpada pela pandemia de coronavírus. Trump sabe que se existe um assunto hoje capaz de unir americanos –e isso inclui democratas– é a tomada de posição anti-Pequim. Mas o presidente leva isso à décima potência ao usar o termo “vírus chinês”, culpar o país asiático por praticamente todas as mazelas dos EUA e dizer que é preciso responsabilizar Pequim por ter infectado o mundo todo.
Em um vídeo gravado de dentro da Casa Branca, Trump não precisou encarar a delegação chinesa –que normalmente assistiria ao discurso do plenário se não fossem as restrições da pandemia– e fez o que foi considerado por diplomatas um dos pronunciamentos mais duros entre grandes potências dentro da ONU. “Temos que responsabilizar a nação que espalhou essa praga pelo mundo: a China”, disse Trump, para, em seguida, acrescentar que a ONU precisa liderar um movimento global contra Pequim.
A 42 dias da eleição, o atual líder americano está atrás do democrata Joe Biden nas pesquisas nacionais e na maior parte dos estados-chave. Assim, ele luta para se eximir de responsabilidades e tentar mudar a narrativa para que o pleito não seja um referendo sobre sua condução errática e ineficaz da pandemia. A estratégia –reprisada em comícios, entrevistas, entrevistas coletivas e pronunciamentos públicos– foi levada hoje ao centro do plenário da ONU, diante dos holofotes das autoridades internacionais para tentar amplificar a mensagem de que é necessário fazer pressão sobre o governo de Xi Jinping.
“Todos os líderes abriram seus discursos [nesta terça] com o tema da Covid-19 e seu impacto na situação global”, disse Kristina Rosales, porta-voz do Departamento de Estado americano. “A ONU deveria ser eficaz, e Trump faz essa pressão porque parece que ninguém quer apontar o dedo [para o país asiático].” A retórica de que a China escondeu ou deu informações incompletas sobre o coronavírus, junto com a OMS (Organização Mundial da Saúde), é repetida pelo republicano há meses.

Crítica
O presidente é crítico contumaz de organismos multilaterais e sabe que sua posição, adepta ao nacionalismo e ao protecionismo, agrada à base conservadora. Eleitores de redutos importantes do presidente preferem muitas vezes se escorar na defesa que ele faz de posições pró-armas e anti-aborto a se preocupar com o fato que os EUA são o país com mais casos de Covid-19 no mundo: quase 7 milhões. E foi para eles que Trump falou. Disse que seu governo protege “crianças que ainda não nasceram”, que a China cometeu “abusos comerciais” e, ao elencar o que classifica como conquistas de sua política externa, citou a saída do pacto nuclear com o Irã, o “maior estado financiador do terrorismo.”
De olho no eleitorado latino mais conservador, fundamental em estados cruciais como a Flórida, expressou apoio às populações de Cuba, Nicarágua e Venezuela “em suas lutas pela liberdade.” O discurso, concebido com a participação de diversos auxiliares e setores do governo americano, terminou com o que Trump considera a receita óbvia para ser reconduzido à Casa Branca: falar com os seus. “Como presidente, orgulhosamente estou colocando os EUA em primeiro lugar, assim como vocês devem priorizar seus países. Isso é ok, é o que vocês deveriam estar fazendo.”
Trump não sabia se a imprensa americana daria ou não grande destaque ao pronunciamento –não deu. Mas o apetite eleitoral do presidente faz com que a poucos dias da eleição não haja espaço para muito além da mensagem que, acredita ele, vai reconduzi-lo à Casa Branca.

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By Samanta Abdala

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