Pandemia: Mais de 60 cidades do Ceará adotaram barreiras sanitárias, aponta pesquisa


Levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostrou que dos 82 municípios cearenses entrevistados, 63 tiveram bloqueios. Barreira sanitária na entrada da cidade de Altaneira em registro de maio deste ano.
João Alves/Arquivo pessoal
Bloquear as fronteiras das cidades para reduzir as chances de trânsito do novo coronavírus foi ideia posta em prática por pelo menos 63 cidades cearenses, segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), divulgado parcialmente neste mês. O estudo entrevistou 82 das 184 cidades do Ceará, das quais 77% confirmaram a instalação dos bloqueios, entre março e agosto.
Mais de 4 mil municípios brasileiros responderam ao inquérito online, por meio das prefeituras e secretarias municipais saúde. No Ceará, 44% das cidades contatadas enviaram respostas, amostra que, estatisticamente, garante a CNM, se aproxima do resultado que seria obtido caso todas houvessem respondido à pesquisa.
Além das blitze sanitárias nas entradas e saídas das cidades, as aplicações de normas sobre obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção e de isolamento social, e de medidas restritivas para diminuição da frota de transporte público e da circulação de pessoas foram as mais aplicadas pelos gestores cearenses.
O fechamento de todos os serviços não-essenciais no estado foi decretado pelo Governo do Ceará em março, e reforçado a nível municipal por 69 (84%) das cidades incluídas na pesquisa da confederação. Outras restrições para diminuir a circulação e evitar a aglomeração de pessoas foram adotadas por 78 dos gestores. Quatro municípios não responderam ao questionamento.
A CNM afirmou ao G1 que, por política interna, não revela quais municípios responderam ou não ao questionário. Entretanto, no Ceará, pelo menos 30 cidades chegaram a restringir ou fiscalizar a entrada de não-residentes, ainda em abril, como Aracati, Beberibe, Camocim, Guaramiranga, Jijoca de Jericoacoara, Paracuru e São Gonçalo do Amarante.
Cidades como Caucaia, Maracanaú, Sobral e Fortaleza também receberam barreiras sanitárias, todas sob responsabilidade da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). O objetivo da medida era minimizar o fluxo de dispersão do vírus da capital ao interior, já que “impedir a contaminação seria impossível”, como explica Luciano Pamplona, epidemiologista e professor do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC).
“As barreiras sanitárias, assim como aquelas feitas em aeroportos, não têm 100% de eficiência. O problema é que pessoas acreditavam que elas seriam suficientes para impedir a entrada do vírus, e isso é impossível. Não conseguimos impedir nem as pessoas de se deslocarem, imagine um vírus, que não vemos”, pondera.
Tráfego
A redução da frota de transporte público foi outra medida restritiva para bloquear o trânsito do coronavírus pelo território cearense. Dos municípios que responderam à pesquisa, 45 confirmaram ter diminuído a disponibilidade da frota – entre eles, 32 reduziram de 76% até 100% da circulação dos coletivos.
O consultor da área técnica de estudos da CNM, Eduardo Stranz, aponta que a rapidez na tomada de atitudes das gestões locais foi decisiva para retardar a contaminação nos interiores. Por outro lado, ele destaca que a eficácia ou não das medidas foi influenciada pela impopularidade delas. “Um fenômeno que ficou evidente na pesquisa é que, passadas algumas semanas das restrições, a própria população que tinha entendido que era preciso fechar [os serviços não-essenciais], começou a pressionar para abrir”, observa.
Rilson Andrade, vice-presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems), revela que, embora as barreiras sanitárias tenham sido indispensáveis para frear o avanço da pandemia, “muitas pessoas furavam, avançavam com os carros”. Além disso, a implantação exigia custos. “Essa medida não era tão simples como parecia: havia toda uma estrutura, com material adequado, para oferecer ambiente de trabalho seguro aos profissionais. Houve custos”, resume.
Rede de assistência
Medida que exige ainda mais recursos públicos, a ampliação da rede hospitalar de alta complexidade foi adotada por apenas 14 dos municípios entrevistados – outros 47 (75% dos 82 entrevistados) afirmaram não ter aumentado a quantidade de leitos de UTI para Covid-19. Apesar disso, 63 das cidades confirmaram a manutenção de uma “rede de leitos exclusiva”, constituída por vagas comuns.
O epidemiologista Luciano Pamplona analisa que o cenário era esperado, já que “não se pode abrir ou criar leito novo de UTI num município onde não tinha estrutura de atenção terciária”.
“Abrir leito de UTI não é só ter espaço físico, mas profissionais habilitados. Não é fácil de ser feito de forma rápida. Por isso eles são concentrados em regiões mais desenvolvidas, pra dar suporte a um maior número de municípios”, pondera.
O vice-presidente do Cosems destaca que “nenhum município, rico ou pobre, estava preparado estrutural e financeiramente para a pandemia”. Conforme a CNM, 65 das cidades chegaram a decretar estado de calamidade pública durante a pandemia, situação que permite que o Executivo gaste mais do que o previsto para sustentar as ações de combate. Do total, 55 solicitaram o reconhecimento de calamidade na saúde, e 28, nas finanças.
Os esforços para adequar a rede, porém, aponta Rilson, precisam ficar como “legado”. “Ampliamos consideravelmente o número de leitos. Na região de Icó e Iguatu, não tínhamos nenhum leito de UTI para quase 500 mil habitantes. Hoje, são mais de 30 leitos, quase sempre 80% a 90% ocupados. Precisamos lutar para que permaneçam no pós-pandemia”, finaliza.
Covid-19 no Ceará
O Ceará tem 235.172 casos confirmados de Covid-19 e 8.848 mortes em decorrência da enfermidade, conforme dados da plataforma IntegraSUS, da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), atualizada às 10h01 desta terça-feira (22). O número de pessoas recuperadas chegou a 209.243.
Ainda estão sendo investigados 89.087 casos e 601 óbitos. Desde o início da pandemia, já foram notificados 724.783 casos da Covid-19. O Estado aplicou 726.643 testes para identificar o novo coronavírus.
Em comparação com a atualização anterior, realizada às 17h21 de segunda-feira (21), foram contabilizados mais 1.052 casos confirmados e 14 mortes.
As cidades com maiores incidências de casos confirmados a cada 100 mil habitantes são Acarape (11.434,1), Frecheirinha (10.560), Groaíras (6.532,3), Chaval (6.106,1) e Quixelô (6.051,4).
Fortaleza segue como líder em números absolutos: 48.633 casos confirmados e 3.845 mortes. A capital tem incidência de 1.821,9 casos do novo coronavírus por 100 mil habitantes.
Na Região do Cariri, o número de casos confirmados se destaca em Juazeiro do Norte (14.960) e Crato (6.201). Juazeiro já confirmou 278 óbitos e tem incidência de casos de 5.455,7. Em Crato, a incidência é de 4.693,4 e 85 pessoas não resistiram à doença.
Sobral, na Região Norte, aparece como terceiro lugar no índices de casos, com 11.608 diagnósticos positivos. A cidade tem incidência de 5.555,8 e acumula 309 mortes pelo novo coronavírus.
Na Grande Fortaleza, Maracanaú registra 6.649 casos positivos, 245 mortes e incidência de 2.917,7. Caucaia, segunda cidade em óbitos (343), contabiliza 5.718 ocorrências da Covid-19 e tem incidência de 1.582,2. Maranguape tem 4.746 casos, incidência de 3.679,7 e 115 falecimentos pela Covid-19.
Veja outras informações da plataforma:
A taxa de ocupação das UTIs cearenses é de 57,46%;
A taxa de ocupação das enfermarias cearenses é de 31,38%;
A letalidade da doença no Estado é de 3,8%;
Ocorreram duas mortes pela Covid-19 nas últimas 24h.
Os números apresentados pela Secretaria da Saúde são atualizados permanentemente e fazem referência à disponibilidade dos resultados dos testes para detectar a presença dos vírus, ou seja, não necessariamente correspondem à data da morte ou do início da apresentação dos sintomas pelo paciente.
TJCE dá prazo para que Governo do Ceará e Prefeitura de Fortaleza se manifestem sobre aber
4ª fase do plano de retomada
Todas as regiões do Ceará estão na 4ª e última fase do plano de retomada da economia desde segunda-feira (14). Isso porque a macrorregião do Cariri, única que estava na fase 3, avançou para a última etapa.
Na quarta fase de reabertura econômica, a maior parte das atividades são permitidas, mas com restrição de horários e com medidas de segurança sanitária, como uso de máscara e disponibilidade de álcool em gel.
Coronavírus: infográfico mostra principais sintomas da doença
Foto: Infografia/G1
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By Samanta Abdala

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