Em comemoração aos 80 anos do jornal O Estado, Luís-Sérgio Santos lançou o seu livro, Intimorata: A saga do jornal O Estado de José Martins Rodrigues a Venelouis Xavier Pereira, sobre a trajetória do veículo desde da sua fundação até os dias atuais, relatando alguns momentos da história da imprensa cearense no século 20.
A obra que contou com um amplo trabalho de pesquisa com duração de cinco anos, teve como umas das fontes o acervo do jornal O Estado que de acordo com o próprio autor foi o motor de toda narrativa do livro. Além disso, para posicionar todo o contexto histórico onde a publicação está inserida e como a mídia impressa surgiu em nosso estado, se fez uma referência bibliográfica, a partir principalmente de acervos do instituto do Ceará e alguns historiadores notáveis como Geraldo Nóbrega e Raimundo Girão.
De acordo com Luís-Sérgio Santos, a coletânea para o impresso foi extremamente demorada e lenta, pela razão de alguns obstáculos. Uma delas foram as fontes primarias, que tiveram que ser procuradas e checadas se ainda estavam vivas para dá o seu depoimento. O autor também ressalta o cuidado que se teve ao conversar com essas pessoas e de como foi entrevistado muitos indivíduos que passaram e começaram as suas carreiras no jornal, chegando a citar que a grande porta de entrada na publicação para novatos foi o setor de revisão, onde muitas personalidades, como o ex-governador Cid Gomes, passaram pela a área.
Além de tudo isso, Luís-Sérgio enfatizou como a primeira fase do jornal foi alinhada a partir de sua fundação ao governo do governador Menezes Pimentel, pela razão do O Estado nessa época ser liderado pelo o advogando e professor José Martins Rodrigues, que era secretário de estado, fazendo assim o veículo na sua primeira década de existência também uma porta voz da igreja, em consequência de José Martins e do governador pertencerem ao partido político LEC (liga eleitoral católica) que tinha uma grande força no estado do Ceará. A partir da destituição e nomeação como interventor de Menezes Pimentel durante o estado novo, o jornal é ampliando, entrando numa nova fase.
Outro ponto realçado é como nas décadas de 30, 40 e 50, os jornais impressos serviam como grandes tribunas, defendendo os seus interesses, além de ser panfletários e polêmicos, onde diversos grupos os usavam para defender seus objetivos. Um exemplo disso, pode ser visto nos embates entre os partidos PSD (Partido Social Democrático) dissolvido em 1965 e a UDN (União Democrática Nacional), onde o primeiro usou O Estado contra o segundo que era apoiado por outras publicações impressas.
A segunda parte da obra aborda a era mais longa do jornal e que de certa forma é a atual, onde O Estado foi adquirindo por Venelouis Xavier Pereira, que assumiu durante a ditadura, uma época difícil para imprensa de modo geral no país. Venelouis fez o jornal ser uns dos poucos que não aceitavam a censura que foi imposta pelo governo, chegando inclusive muitas vezes a aceitar jornalistas que eram perseguidos pela repressão da ditadura. Também era comum o jornal aceitar textos refutados por outras mídias impressas dessa época.
O livro nos conta que hoje, o veículo vive uma fase pluralista, apartidário e focado na informação, onde se tem uma maior profissionalização sem viés político, cultivando a doutrina da objetividade. Mas Luís-Sérgio alerta que se deve entender o contexto histórico do passado pela razão das mudanças dos tempos.
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